Aprender português é desafiante. Aprender o conjuntivo em português é ainda mais desafiante! A grande maioria dos Portugueses não sabe o que é o modo Indicativo ou o modo conjuntivo. Os falantes de português falam português de forma natural, instintiva. Utilizam em cada frase, as palavras e as estruturas gramaticais que “soam” melhor. Mas também é verdade que os portugueses utilizam, muitas vezes, o modo conjuntivo de forma incorreta. Não é fácil utilizar correctamente o modo conjuntivo até mesmo para um cidadão português nascido e criado em Portugal. Se não é fácil para os nativos, imagine-se para quem aprende português…
O modo indicativo é aquele que utilizamos na grande maioria das nossas frases do nosso quotidiano. O modo indicativo é utilizado, essencialmente, para descrever factos, coisas reais e concretas. Aqui ficam alguns exemplos:
a. Amanhã vou trabalhar na praia! (frase no futuro que descreve um facto)
b. Bebo três cafés todos os dias (frase no presente que descreve uma rotina real)
c. Ontem fui ao cinema (frase no pretérito perfeito simples que descreve uma ação concreta e completa no passado)
Utilizamos o modo conjuntivo para falar sobre acontecimentos hipotéticos, para falar sobre desejos, dúvidas, esperanças, receios e sentimentos. Seguem-se algumas frases no modo conjuntivo!
a. Eu quero que tu SEJAS feliz (frase que descreve um desejo no presente do conjuntivo)
b. Se tu FORES à praia, liga-me! (frase que descreve um acontecimento hipotético no futuro do conjuntivo)
c. Ontem o João não foi às aulas. Talvez ESTIVESSE doente. (frase que descreve uma dúvida no imperfeito do conjuntivo)
Aprender o conjuntivo em Português é desafiante, mas ensinar o conjuntivo também não é fácil! Os primeiros alunos a quem tentei explicar o conjuntivo não tiveram uma tarefa fácil! Como professor de português, não tinha experiência e até mesmo conhecimento suficiente para escolher o melhor caminho para aqueles estudantes. E a verdade é que não existe um caminho único nos processos de ensino aprendizagem. E certamente que não existe também um caminho único no ensino do conjuntivo em português. É importante conhecer bem cada estudante para poder escolher a sua rota de aprendizagem. O conjuntivo deve ser ensinado ao longo dos níveis B1 e B2.
O conjuntivo tem estruturas simples e estruturas compostas (tempos compostos do conjuntivo). No nível B1 e B2 são ensinadas as estruturas simples. No nível C1 e C2 são aprendidas e consolidadas os tempos compostos do conjuntivo.
É importante começar com o PRESENTE do CONJUNTIVO. Este tempo verbal tem muitos conectores mas, na minha opinião, nem todos são essenciais. Acredito que os estudantes de português se devem focar nos aspetos fundamentais da lingua portuguesa. Ao pedirmos a um estudante para memorizar listas e listas de conectores, estamos a contribuir para o seu insucesso.
A minha experiência como professor de português diz-me que, numa primeira fase de ensino do conjuntivo, devemos apresentar aos estudantes de português os conectores que utilizamos diariamente de forma contínua e rotineira. Falamos dos seguintes conectores:
a. TALVEZ (expressão de dúvida). Exemplo: Talvez ele CHEGUE amanhã.
b. É BOM QUE, É DIFICIL QUE, É IMPORTANTE QUE, É CONVENIENTE QUE,… (Expressões impessoais + que). Exemplo: É BOM QUE CHEGUES CEDO AMANHÃ.
c. NÃO ACHO QUE, NÃO PENSO QUE, NÃO CREIO QUE. (Opiniões na negativa). Exemplo: NÃO ACHO QUE ele SEJA gordo!
d. QUERER QUE, DESEJAR QUE, DUVIDAR QUE, RECEAR QUE, ESPERAR QUE,… (verbos do conjuntivo). Exemplo: Eu quero que tu SEJAS rico.
Antes de avançarmos e de apresentarmos outros conectores aos alunos, é fundamental que os estudantes de português estejam confortáveis com a conjungação do presente do conjuntivo e com a utilização dos quatro conectores anteriormente descritos.
O FUTURO DO CONJUNTIVO é o tempo que se segue. Antes do estudante de português avançar para este novo tempo verbal, é fundamental que se sinta confortável com o presente do conjuntivo. As palavras “SE” e “QUANDO” são os conectores mais utilizados deste tempo verbal. Exemplos.
a. SE “FORES” ao cinema, vou contigo!
b. QUANDO to FORES ao cinema, vou contigo!
É o tempo verbal que maiores dificuldades oferece aos estudantes de português. Falamos de uma estrutura onde muitas vezes é dificil precisar o momento temporal a que se refere. O Imperfeito do conjuntivo muitas vezes refere-se ao passado, outras vezes tem valor de presente mas também pode ter valor de futuro. Exemplos:
a. Antigamente eu queria que tu FOSSES astronauta. – Valor de passado.
b. Na próxima década eu queria que tu FOSSES astronauta – Desejo para o futuro.
Os exemplos anteriores são reveladores da complexidade que estas estruturas oferecem aos estudantes de português. É claro que é possível aprender a falar português de forma fluente, mas não é menos claro e verdadeiro que o caminho não está isento de esforço e dedicação.
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